No pátio da Paróquia em Rio Bonito do Iguaçu, ponto de apoio para moradores afetados, encontramos seu Domingos Lima de Souza, pedreiro aposentado, que perdeu tudo com a passagem do tornado.
Com simplicidade e fé, ele contou como foram os momentos depois da destruição.

“Foi feio, rapaz. Acabou tudo, porque eu mesmo só fiquei com a roupa do corpo e as paredes da casa. O resto não sobrou nada. Somente essa roupa aí. Mais nada.”

Enquanto falava, seu Domingos mostrava a roupa que usava desde o dia da tragédia. Disse que conseguiu um colchão e agora busca telhas para cobrir a casa.

“Agora tô atrás de Eternit pra cobrir a casa, porque eu tô há dois dias, para não dizer dois dias. Eu comi um marmitex só e um sanduíche. Agora o resto foi tudo.”

Mesmo em meio às perdas, ele agradece pela vida

“Graças ao bom Deus que tô vivo. A vida é a única que é a principal. O resto a gente tem força e fé. Corre atrás, porque o pior é a vida. Coitado, que perdeu a vida e tudo, né? A gente se machucou um pouco, mas isso aí a gente sabe, né? Mas graças ao bom Deus, tá bom.”

Corrida para salvar a mãe

Durante o temporal, seu Domingos lembra que correu para ajudar a mãe, de quase 90 anos, que estava sozinha em outra casa.

“Eu tive que sair correndo. Foi debaixo de vendaval e tudo pra atender minha mãe, que tem quase noventa anos, que estava sozinha também, mais de mil e quinhentos metros de distância, debaixo de vendaval, correndo por meio de fiação e tudo, zinco e pedaço de ferro caindo por cima e tudo. Mas graças ao bom Deus, estou vivo que eu estou falando. Minha mãe se machucou bastante, perdeu tudo também, mas estamos vivos, tá bom.”

“A natureza está devolvendo”

Com fé simples e olhar cansado, seu Domingos refletiu sobre o que aconteceu.

“A lição que eu tiro disso aí é o que foi destruído na Terra. Deus está mostrando pra ver como que é. A natureza está devolvendo, porque isso é uma coisa que a turma desmata. Então o que acontece? Isso aí é isso aí. O que acontece com a natureza faz o que tira da natureza, a natureza devolve a mesma coisa.”

Ele encerrou dizendo que a tragédia serve de lembrança para todos.

“Quando a natureza pega, vai pobre, vai rico, vai tudo igual. Então a gente tem que saber viver, controlar a vida e tudo, preservar a natureza pra poder a natureza devolver pra gente.”

Por William Batista