Governo anuncia repasse direto a famílias e intensifica reconstrução em Rio Bonito do Iguaçu; confira as últimas informações deste domingo

Em coletiva neste domingo (9), o secretário de Segurança Pública, Hudson Leôncio Teixeira, e o coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Fernando Schunig, detalharam novas medidas para agilizar o repasse de recursos, reconstrução de moradias e limpeza da cidade devastada pelo tornado. Por volta do meio-dia, o ministro Waldez Góes chegou ao município e confirmou o apoio imediato do governo federal.
Foto: William Batista/ Atento News

No terceiro dia após o tornado que destruiu bairros inteiros em Rio Bonito do Iguaçu, as autoridades estaduais voltaram à cidade neste domingo (9) para apresentar um novo pacote de medidas emergenciais. A coletiva de imprensa reuniu dezenas de jornalistas, autoridades locais e equipes da imprensa nacional, em um dos pontos mais afetados da área urbana.

O secretário de Segurança Pública do Paraná, coronel Hudson Leôncio Teixeira, abriu a fala confirmando que o governo estadual trabalha em ritmo de urgência para modificar o Fundo Estadual de Calamidades, permitindo que o dinheiro chegue diretamente às famílias atingidas, sem passar por prefeituras ou intermediários.

“Hoje, às dezessete horas, nós teremos a votação em caráter de urgência, onde vai ser alterado o Fundo de Calamidade, permitindo que seja feito o repasse do Governo do Estado direto para a pessoa física, direto para pessoa que foi afetada nessa calamidade. Então, serão liberados mais de cinquenta milhões para o município afetado”, afirmou.

Segundo o secretário, a proposta foi acertada na noite anterior em conversas com o governador Ratinho Junior e o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Alexandre Curi, e conta com apoio de parlamentares da base e da oposição.

“Já está ajustado com os nossos deputados. Falei agora há pouco com o deputado Alexandre Curi, o deputado Fábio estava aqui também. Está retornando para fazer essa votação agora no fim da tarde. A gente quer que já na semana isso seja sancionado pelo governo.”

Hudson explicou que a alteração deve desburocratizar o processo de ajuda, garantindo que o recurso chegue direto na conta das famílias cadastradas, e não dependa de trâmites municipais.

“Isso vai desburocratizar. Uma vez que não é necessário um repasse para a prefeitura, você passa direto para pessoa que foi afetada e que foi cadastrada pelo programa.”

Cadastro, valores e novas moradias

O secretário reforçou que o primeiro passo agora é organizar o cadastramento das famílias, que começa nos próximos dias com apoio da prefeitura, Defesa Civil e equipes do Estado.

“É essencial que as pessoas façam o cadastro para receber o benefício. Estamos falando de algo em torno de cinquenta milhões já autorizados pelo Governo do Estado, e a prioridade é distribuir de forma justa e coerente.”

De acordo com Hudson, o valor estimado é de até R$ 50 mil por família, podendo variar conforme a avaliação dos danos e critérios que serão definidos por uma comissão especial.

“Existe uma perspectiva de algo em torno de cinquenta mil por família, mas nós sabemos: pode precisar mais, pode precisar menos, depende de cada situação e do dano que essa família teve nessa tragédia.”

Ele também confirmou a criação de um canal oficial de doações via Pix, vinculado ao Fundo de Calamidades. Segundo o secretário, várias pessoas já demonstraram interesse em contribuir financeiramente, e o novo sistema vai permitir que o dinheiro chegue diretamente aos afetados cadastrados, sem intermediações.

Além do repasse, o Estado vai implantar módulos habitacionais temporários, uma solução emergencial para garantir moradia às famílias que perderam tudo.

“Não são contêineres, mas estruturas menores, com sala, cozinha e banheiro, que permitem que as pessoas fiquem com dignidade até a reconstrução definitiva. A Cohapar está projetando essas moradias e há empresas interessadas em participar do processo.”

Hudson anunciou ainda que escolas destruídas já tiveram sua reconstrução autorizada pelo governador Ratinho Junior, e que o Estado pretende iniciar as obras de forma imediata.

“O governador me autorizou a dar essa notícia. Já se reiniciou o processo de reconstrução das escolas, com construções rápidas, para que a cidade possa voltar à normalidade o mais breve possível.”

Segurança reforçada e mutirão de documentos

Em outro ponto da coletiva, o secretário destacou a necessidade de reforçar a segurança na cidade, que segue em estado de tensão.

“As pessoas estão num nível de estresse muito alto. Qualquer coisa é motivo e estopim para alguma desavença. Então, qualquer notícia de tentativa de furto ou de qualquer saque deve ser comunicada à polícia.”

Hudson confirmou que o efetivo da Polícia Militar será mantido e ampliado, com policiamento constante em áreas de comércio, residências destruídas e pontos de distribuição de doações.

O secretário também anunciou a criação de um grande centro de atendimento ao cidadão, que vai reunir diferentes órgãos públicos em um único espaço. O local deve funcionar inicialmente na igreja próxima à região do Bugre, onde há maior concentração de desabrigados.

“Nós vamos montar um grande centro de atendimento, trazendo a Defensoria Pública, o Instituto de Identificação e o Tribunal de Justiça. O objetivo é agilizar documentos e orientações jurídicas para quem perdeu tudo.”

Entre as primeiras ações conjuntas, está um mutirão de reemissão de documentos — como carteiras de identidade e CPF — para moradores que ficaram sem acesso aos registros pessoais.

“Na semana que vem, faremos esse mutirão com a Defensoria, o TJ e o Instituto de Identificação. É uma prioridade. Sem documentos, as pessoas não conseguem receber os benefícios nem acessar serviços.”

Defesa Civil: cidade dividida em cinco setores e previsão de limpeza em até três dias

Logo após o pronunciamento do secretário, o coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Fernando Schunig, apresentou o balanço mais atualizado sobre as ações de campo. Ele confirmou que não há mais desaparecidos e que o trabalho agora se concentra em limpeza, retirada de entulhos e avaliação de danos estruturais.

“Felizmente, não temos mais o registro de nenhuma vítima. Hoje, o foco é limpar a cidade, retirar os entulhos e fazer o levantamento dos danos e prejuízos.”

Schunig informou que a cidade foi dividida em cinco setores para otimizar os trabalhos e evitar sobreposição de equipes. Mais de 30 máquinas e caminhões estão atuando desde sábado, com o reforço de 15 municípios vizinhos.

“A cidade está dividida em cinco setores e nós já começamos a trabalhar ontem. Hoje foi intensificado. Temos um volume grande de maquinários e voluntários. Pela experiência, acreditamos que em dois a três dias a cidade estará limpa.”

O coordenador explicou que o entulho está sendo levado a um campo próximo, onde funcionará um depósito temporário, com destinação ambientalmente correta a ser definida em parceria com o Instituto Água e Terra (IAT).

“Já está ajustado onde vai ser depositado esse material no primeiro momento, para depois dar destinação ambientalmente correta. Não pode ser em qualquer lugar. Estamos cuidando disso com responsabilidade.”

Doações, solidariedade e reconstrução

Fernando Schunig também confirmou que as doações foram reabertas neste domingo, após uma primeira suspensão por excesso de materiais acumulados. Agora, os quartéis do Corpo de Bombeiros e pontos locais voltaram a receber itens essenciais.

“Estamos com três pontos de coleta quase lotados. Abrimos novos postos com apoio da iniciativa privada. Os itens prioritários são alimentação, produtos de higiene pessoal e limpeza.”

O coordenador destacou ainda a solidariedade entre municípios e o apoio de engenheiros voluntários que chegaram para ajudar na avaliação dos imóveis e estimativa dos custos de reconstrução.

“Temos mais de quinze municípios auxiliando, e engenheiros do CREA e de prefeituras vizinhas estão fazendo o levantamento ponto a ponto. As duas primeiras obras, uma escola e um ginásio, devem custar quase quinze milhões de reais.”

A chegada do ministro

Após quase uma hora de coletiva com as autoridades do Paraná, o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, chegou a Rio Bonito do Iguaçu por volta do meio-dia, acompanhado de técnicos e da presidente do INSS.

Em pronunciamento, o ministro garantiu que o governo federal vai trabalhar em sintonia com o Estado e o município para liberar recursos de forma imediata, sem burocracia.

“Queremos focar e priorizar o restabelecimento dos serviços e da reconstrução. Já temos levantamento macro que nos dá condição de anunciar recursos ainda hoje.”

Segundo ele, os planos de trabalho serão feitos em conjunto pelas Defesas Civis nacional, estadual e municipal, com aprovação sumária — ou seja, sem exigência de novas diligências.

“Os planos de trabalho serão feitos em três mãos. Entrando no sistema, a gente já faz a aprovação sumária. Queremos aprovar quantos planos forem necessários, em rito sumário, conforme orientação do presidente Lula.”

Góes também falou sobre a necessidade de o Brasil fortalecer a cultura de prevenção e risco, lembrando que o Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil será anunciado na COP 30.

“O tornado é mais difícil de prever. Mas precisamos fortalecer a prevenção. Não podemos impedir os eventos, mas podemos nos preparar mais e melhor para lidar com eles.”

Encerrando, o ministro classificou o ocorrido em Rio Bonito do Iguaçu como uma das situações mais graves já registradas no país, destacando que os efeitos das mudanças climáticas exigem respostas rápidas e coordenadas.

“O que aconteceu aqui é uma demonstração de que todo o Estado brasileiro está sujeito a situações extremas. Isso deve servir de alerta para todos nós.”

Por William Batista

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