Um dia após a Diocese de Guarapuava divulgar nota oficial repudiando o incêndio criminoso no velário do Santuário Tabor das Vocações, o Atento News esteve no local e conversou com a irmã Neli Mendes, assessora local e responsável pela área, para entender melhor o que aconteceu e como a comunidade tem lidado com mais um episódio de vandalismo.
O Santuário de Schoenstatt, em Guarapuava, é um espaço aberto à população, frequentado diariamente por fiéis que buscam momentos de oração, silêncio, reflexão e devoção. Foi justamente em uma dessas estruturas de fé, o velário, que o novo ataque aconteceu na madrugada desta segunda-feira (15).
Segundo a irmã Neli, as imagens captadas por uma câmera de monitoramento mostram que o caso ocorreu por volta da 1h30. “A gente percebe um pequeno ponto de luz no escuro, como se algo fosse acendido e apagado. Depois de cerca de cinquenta segundos, o fogo aumenta de forma significativa”, relatou.
Ela explica que é comum haver velas acesas no local, mas o comportamento registrado chamou a atenção. “Velas em quantidade poderiam até quebrar vidros, mas não danificar a estrutura dessa forma. Os engenheiros que nos auxiliam aqui avaliaram que, para causar esse nível de dano, provavelmente houve o uso de algo mais forte”, afirmou.
Com o incêndio, os vidros foram deformados e a estrutura do velário ficou comprometida. De acordo com a responsável, não há possibilidade de reparo parcial. “Não tem como fazer remendo. Será necessário destruir tudo e construir um novo velário”, explicou.
Continuidade da devoção, mesmo com estrutura improvisada
Enquanto a nova estrutura não é construída, o Santuário improvisou um espaço para que os fiéis possam continuar acendendo velas e expressando sua devoção. “Usamos uma base de churrasqueira para não interromper esse gesto tão importante para quem frequenta o Santuário”, contou a irmã.
Ela reforça que o local é público e aberto a todos. “Aqui qualquer pessoa pode vir rezar, refletir, ficar em contato com a natureza ou acender uma vela conforme sua intenção. É um espaço de acolhimento.”
Reincidência preocupa comunidade
O episódio reacende a preocupação porque não é a primeira vez que o Santuário é alvo de crimes. Em outubro deste ano, o local foi invadido, o sacrário foi violado e objetos sagrados, como hóstias consagradas e um ostensório, foram furtados. O caso gerou grande comoção e levou à celebração de uma Missa de Desagravo.
Dias depois, os objetos foram recuperados pela Polícia Civil e pela Polícia Militar. Uma mulher de 47 anos confessou o crime e afirmou ter cometido o furto para pagar dívidas, relatando problemas psicológicos.
Para a irmã Neli, independentemente da motivação, os episódios se enquadram como intolerância religiosa. “A partir do momento em que alguém pratica vandalismo em um espaço religioso, isso entra na esfera criminosa e também da intolerância religiosa”, afirmou.
Mensagem de paz
Questionada sobre a mensagem à comunidade, a responsável pelo Santuário adotou um tom sereno. “Temos pena de quem comete um ato assim. Todos somos passíveis de erros. O que podemos fazer é rezar uns pelos outros e pedir que nossa vida seja um ato de paz e de amor.”
Ela destaca que o impacto não atinge apenas a Igreja, mas toda a população que frequenta o espaço. “O mal não é só para um. Afeta toda a comunidade.”
Assim como destacado na nota divulgada ontem pela Diocese, as autoridades foram acionadas e o caso segue sob investigação. A Diocese reforçou que a violência não constrói caminhos de paz e convidou os fiéis a transformarem o episódio em um momento de oração, reconciliação e renovação da fé.
O Atento News segue acompanhando o caso.