Eduardo Pacheco Coelho, o Baiano, 58 anos, natural de Porto Alegre, foi o entrevistado do dia no Atento News. Em um bate-papo direto e cheio de memórias, o treinador contou a origem do apelido, a formação no futsal, os bastidores de seis anos seguidos (e 11 ao todo) à frente do CAD e os planos para o futuro em Chopinzinho. Acompanhe a entrevista completa, abaixo:
“Metade da família é gaúcha e metade é baiana. Meu pai nasceu em Salvador. Num jogo meu, ele gritava muito, jeitão baiano, e virou ‘o filho do baiano, baianinho… baiano’. Desde os 12 anos pegou.”
Das quadras da escola ao comando do vestiário
Baiano começou no futsal escolar, jogando pelo Dom Bosco (cidadinos e estaduais) e passou por Teresópolis (POA). Teve base também no Grêmio e no Inter, onde atuou no campo até a categoria júnior, mas optou de vez pelo salão. A carreira de atleta foi toda no Rio Grande do Sul, com passagens por Grêmio, Inter, Perdigão de Marau, SER/ES, Pinheiros, Carazinho (dois clubes), Uruguaianense e AG de Guaporé, onde encerrou como jogador.
“Tudo que eu tenho hoje é por conta do esporte. O colégio me deu bolsa para jogar. Sou grato ao futsal, ao futebol, e a Deus, pela oportunidade.”
A virada para técnico veio após uma breve saída do futsal para trabalhar na área comercial em Porto Alegre. O convite para treinar o time de São Miguel do Iguaçu (Volco Verona) abriu a porta na beira da quadra.
CAD: títulos, reconstrução e orçamento curto
Em 2008, recém-chegado do Japão, Baiano desembarcou em Guarapuava. A primeira impressão do clube foi de projeto sério e diretoria atuante. Vieram bons resultados, dor e superação com a morte do atleta Robson, e o primeiro título no CAD.
“A gente perdia aqui, foi lá fora e virou. No terceiro jogo, campeão. Uma explosão de emoção pela recepção da torcida e pelo carinho da diretoria.”
Ele lembra conquistas e campanhas importantes — inclusive o tricampeonato (base deixada para o sucessor) e a fase de reestruturação a partir de 2020, quando a missão foi recuperar a credibilidade fora e dentro da quadra.
Segundo Baiano, as folhas salariais eram enxutas (“16 mil”, “18 mil”, “24 a 26 mil”, “31,5 mil”, números citados por ele) e, mesmo assim, o CAD conseguiu acesso, permanência na Ouro, play-off e 3º lugar.
“Pegaram um time com dívida enorme e não desistiram. Hoje, deixam a casa praticamente zerada. A gente, com pouco investimento e pagando em dia, foi campeão da Prata e terceiro com folha baixíssima.”
Além do tático, Baiano destaca o lado humano da função.
“Sou paizão de muitos e padrasto de alguns. Levo no hospital, compro remédio, oriento com dinheiro e estudo. Quero que tenham profissão quando a carreira acabar.”
Família, casa e um amor chamado Guarapuava
O treinador se define como caseiro, apaixonado por cozinha e movido pela família. Fala com carinho das filhas, Bruna, 30, e Antonela, 6, e da esposa, “âncora” do dia a dia.
“Depois que a Antonela nasceu, voltei a ter ambição. Faço tudo por ela.”
Guarapuava, ele diz, virou segunda casa.
“CAD Guarapuava é minha segunda família. Onde eu ando, a torcida me para. Mesmo quando a gente não foi tão bem, respeitaram e apoiaram.”
Próximo capítulo: Liga em Chopinzinho, com promessa de volta
Baiano confirmou o acerto com Chopinzinho por dois anos. O motivo: novos desafios e a chance de disputar a Liga com investimento mais robusto. Ele, porém, mantém o vínculo afetivo e prático com o CAD, inclusive ajudando a captar patrocínios para a reta final da temporada.
“Não existe ‘é primeiro ano’. Temos obrigação de fazer boa campanha na Liga e disputar o título paranaense. E eu penso em voltar. Minha casa é aqui.”