Atento News faz imersão em Rio Bonito do Iguaçu e registra, em 1h11 de caminhada, histórias de destruição, reconstrução e solidariedade

Em um material totalmente imersivo, a reportagem percorre ruas, entra em casas destruídas, conversa com moradores e acompanha de perto voluntários que ajudam a reerguer a cidade após o tornado.

Cinco dias depois do tornado que devastou Rio Bonito do Iguaçu, o Atento News voltou à cidade para um registro diferente de tudo o que havia sido feito até agora. Em vez de apenas captar imagens pontuais, a equipe decidiu caminhar por ruas, entrar em casas, conversar com moradores no improviso e acompanhar de perto o que realmente acontece no dia a dia de quem tenta recomeçar. O resultado é um vídeo de 1 hora e 11 minutos, em que o espectador praticamente “anda junto” pela cidade ferida. Assista o vídeo completo, abaixo.

A imersão começa já mostrando grupos de voluntários espalhados por diferentes pontos, carregando materiais, desmontando estruturas destruídas e oferecendo comida e água. Entre eles, um grupo de Porto Alegre, que viajou quase 19 horas até o Paraná para ajudar. “Deus tocou no meu coração de fazer um momento de solidariedade para amenizar o sofrimento do povo”, disse um dos voluntários, enquanto organizava doações.

Logo na sequência, a equipe encontra jovens de Laranjeiras do Sul distribuindo marmitas e água. Eles contam que deixaram suas atividades para ajudar quem perdeu praticamente tudo. “A gente tem que se colocar na situação deles”, afirma um deles, enquanto serve refeições à população. O sentimento é compartilhado por outro grupo de Clevelândia, que já havia preparado mais de 1.500 marmitas antes do meio-dia e se organizava para entregar mais mil à noite.

Enquanto caminha, o repórter entra em casas destruídas. Em uma delas, Suziane mostra o que restou após o vendaval: “Perdi todo o telhado, parte da madeira e os móveis quase tudo. Mas graças a Deus e aos voluntários, desde o primeiro dia já começaram a arrumar.” Mais à frente, o casal de idosos Anísio Cardoso e Maura Rezende Cardoso mostra que o único cômodo que sobrou foi o banheiro. “Se eu tivesse aqui, não sei se não teria morrido. Desceu tudo”, relata Anísio, olhando para os escombros.

A caminhada segue, e um ponto chama atenção: no meio de tanto desânimo, um churrasco solidário. O “Fábio Churrasqueiro”, que veio de Turvo com uma carreta equipada, explica a intenção por trás da ação. “Churrasco traz alegria, traz esperança. Ninguém faz churrasco se tiver triste”, afirma enquanto a equipe prepara costela, panceta, linguicinha e cortes nobres para distribuir aos moradores e voluntários.

O repórter segue pela cidade, observando comerciantes tentando lidar com a realidade. Uma das cenas mais fortes é o depoimento de Rosana Vialvosd, dona de um mercado há quase 30 anos. Ela perdeu tudo. “Trinta anos para chegar até aqui e 30 segundos para perder tudo”, diz, emocionada. Ela relembra que freezers foram arrancados e arremessados para dentro do comércio, e que clientes foram jogados no meio dos entulhos. “Eu nunca vi uma coisa desse jeito.”

Enquanto isso, a ameaça de chuva aumenta a tensão. Muitos moradores temem novos estragos. Ondina Colombo de Amorim expressa esse medo com clareza: “Quando fala em chuva… é desesperador. Minha casa só destelhou, mas muita gente perdeu tudo.” O mesmo sentimento aparece em outros relatos, como o de Eloí, aposentado: “Pode complicar ainda mais a situação do povo. Não é fácil pra ninguém.”

Em outro momento marcante, o Atento News reencontra seu Gilberto Pocelte, catador de recicláveis e personagem de uma reportagem que repercutiu amplamente nos últimos dias. Ele conta que recebeu ajuda e que voluntários já estão reconstruindo sua casa. “Graças a Deus me ajudaram muito”, diz, emocionado.

O percurso continua por ruas tomadas por entulhos, máquinas trabalhando, equipes da ADRA lavando roupas e cadastrando famílias, e voluntários de Guarapuava, Coronel Vivida, Turvo, Porto Alegre e tantas outras cidades. Cada pequena conversa revela uma dimensão diferente da tragédia — e da força que se formou a partir dela.

A imersão feita pelo Atento News mostra mais do que destruição. Mostra uma cidade que tenta se reorganizar, um povo que ajuda sem perguntar quem é, famílias que dividem o pouco que sobrou e um movimento coletivo que prova que, mesmo em meio ao caos, há gestos que sustentam esperança.

O vídeo completo, com 1h11 de relatos espontâneos, caminhadas e encontros, está disponível ao fim desta reportagem.

Por William Batista e Cleo Ferreira

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