O Simepar divulgou nesta semana o laudo técnico completo sobre os tornados que atingiram o Paraná no dia 7 de novembro, elevando para F4 a classificação dos fenômenos que devastaram Rio Bonito do Iguaçu e parte de Guarapuava. O documento, com mais de 130 páginas, reúne análises de radar, imagens aéreas, registros em solo e dados meteorológicos, e aponta que este episódio está entre os mais intensos registrados no Estado nas últimas três décadas.
Ao todo, três tornados foram identificados e passaram por 11 municípios: Rio Bonito do Iguaçu, Turvo, Guarapuava, Quedas do Iguaçu, Espigão Alto do Iguaçu, Nova Laranjeiras, Porto Barreiro, Laranjeiras do Sul, Virmond, Cantagalo e Candói. Eles se formaram a partir de duas supercélulas, tempestades extremamente fortes e rotativas, capazes de gerar ventos destrutivos.

Tornado 1 – F4 em Rio Bonito do Iguaçu
O primeiro tornado percorreu cerca de 75 km e atingiu seu pico de força em Rio Bonito do Iguaçu, onde chegou à categoria F4, com ventos estimados entre 332 e 418 km/h. A faixa de destruição chegou a mais de 3 km de largura em alguns pontos, derrubando casas, arremessando veículos e provocando danos severos em estruturas urbanas e rurais.

Ele também passou por outras cidades em níveis menores: F1 em Quedas do Iguaçu, Espigão Alto do Iguaçu e Nova Laranjeiras; F3 em Porto Barreiro e Laranjeiras do Sul; e F2 em Virmond.

Tornado 2 – F4 em Guarapuava
Da mesma supercélula, surgiu o Tornado 2, que atingiu Candói em categoria F2 e avançou até o distrito de Entre Rios, em Guarapuava, onde também alcançou a força F4. Casas foram completamente destruídas e até um container foi arremessado a aproximadamente 150 metros. Ao todo, o tornado percorreu 44 km.
Tornado 3 – F2 em Turvo
A segunda supercélula gerou o Tornado 3, com trajetória mais curta — cerca de 12 km — e intensidade F2. Ele atingiu principalmente o município de Turvo, onde provocou danos significativos em uma faixa média de 525 metros de largura.
Como o fenômeno se formou
Segundo o Simepar, o evento foi resultado do ramo frio de um ciclone extratropical que atuava sobre o Sul do Brasil. As tempestades encontraram um ambiente quente, úmido e altamente instável, condição ideal para a formação de supercélulas. O forte cisalhamento do vento favoreceu a rotação das nuvens e o desenvolvimento dos tornados.
O trabalho envolveu meteorologistas, analistas de imagem, equipes de geointeligência e apoio do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Instituto Água e Terra. As conclusões foram validadas após sobrevoos, visitas em solo e entrevistas com moradores e equipes de resgate.
Um dos maiores eventos do Paraná
Para o Simepar, a combinação de fatores, quantidade de tornados, extensão das trilhas, número de pessoas atingidas e destruição causada, coloca este episódio como um dos mais relevantes em termos de intensidade e impacto no Estado nos últimos 30 anos.
O diretor-presidente do Simepar, Paulo de Tarso, reforçou que o trabalho será essencial para melhorar o planejamento territorial e a resposta a eventos extremos no futuro.
Atento News, com informações da AEN-PR.