Um vídeo gravado por pescadores nas margens do Rio Iguaçu, na região de Mangueirinha, está causando grande repercussão desde o fim de semana. As imagens mostram duas onças-pardas atravessando o rio a nado, mas o que mais chamou atenção foi a aproximação dos pescadores, que manobraram suas embarcações em torno dos felinos, colocando os animais em evidente estresse, segundo a polícia.
O Batalhão de Polícia Militar Ambiental do Paraná (BPMA) informou que tomou conhecimento do caso no dia 14 de dezembro de 2025 e, a pedido da reportagem do Atento News, divulgou uma nota de esclarecimento com orientações sobre o ocorrido.
Posicionamento da Polícia Ambiental
Na nota, a Polícia Ambiental esclareceu que as imagens mostram uma aproximação indevida e perigosa dos pescadores, o que causou desconforto e estresse nas onças. O Batalhão fez questão de destacar que essa prática representa riscos tanto para os seres humanos quanto para os próprios felinos:
- Para os humanos, pois os grandes felinos podem reagir de maneira agressiva se se sentirem ameaçados;
- Para os animais, já que a perseguição e o assédio podem causar sofrimento e até alterar seu comportamento natural.
A Polícia Ambiental enfatizou que tal conduta é passível de responsabilização administrativa, cível e criminal. As possíveis infrações legais incluem:
- Artigo 29 da Lei Federal nº 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais): perseguir espécimes da fauna silvestre, com pena de detenção e multa;
- Artigo 29 do Decreto Federal nº 6.514/08: abuso e maus-tratos, com multa que varia de R$ 500 a R$ 3.000 por indivíduo.
Além disso, o Batalhão informou que o caso foi encaminhado para a Polícia Civil, que deve tomar as medidas necessárias, incluindo a identificação dos responsáveis e a apuração do local e circunstâncias exatas do ocorrido, diz a nota. A Polícia Ambiental também se comprometeu a compartilhar informações com outros órgãos ambientais para garantir que as medidas complementares sejam adotadas.
Orientações
A Polícia Ambiental aproveitou o caso para reforçar orientações à população sobre como agir em caso de avistamento de onças. Em situações como essa, a recomendação é não se aproximar do animal e não interferir de forma alguma.
Em caso de incidentes com a fauna silvestre, como ataques a animais domésticos ou ameaças a pessoas, a orientação é informar imediatamente os órgãos ambientais ou as autoridades competentes para que as medidas de segurança e manejo possam ser adequadas.
O que diz o guia orientativo sobre segurança
Além da nota oficial, a Polícia Ambiental também divulgou um guia orientativo, elaborado para auxiliar na gestão de ocorrências com grandes felinos, como as onças-pardas. O guia fornece diretrizes de segurança detalhadas para as pessoas que podem se deparar com esses animais em áreas rurais e urbanas.
Entre as principais orientações do guia estão:
Se você estiver a pé:
- Não corra e mantenha a calma. Afastar-se lentamente sem dar as costas ao animal é essencial;
- Evite se abaixar ou atirar objetos.
- Mantenha contato visual com o animal, sem encarar diretamente, e levante os braços e faça barulhos altos se houver aproximação para parecer maior e afastar o animal.
Se você estiver em um veículo:
- Feche as janelas e espere o animal se afastar.
- Se possível, registre imagens e compartilhe com os órgãos ambientais, incluindo a localização do avistamento.
Medidas preventivas:
- Evitar andar sozinho, especialmente ao amanhecer e anoitecer;
- Em áreas de mata fechada ou próximas a rios, não se abaixar;
- Ilumine áreas externas à noite, utilizando luzes intermitentes ou piscantes para afugentar animais.
A convivência pacífica: O guia também enfatiza que conviver pacificamente com os grandes felinos é a melhor solução para todos, já que os ataques a pessoas são extremamente raros e acontecem principalmente quando o animal se sente ameaçado ou seu território é invadido.
Medidas adicionais de segurança
No campo, a segurança preventiva deve ser intensificada, com o uso de sensores de presença para afugentar os animais e cães de médio e grande porte para auxiliar na proteção do rebanho. O guia sugere também cuidados com o manejo de animais domésticos e as estratégias de iluminação para reduzir riscos.
Convivência e prevenção
Por fim, o guia destaca que as onças-pardas são essenciais para o equilíbrio do ecossistema, atuando como predadores naturais, e que a convivência harmoniosa entre humanos e esses felinos é possível quando se adotam as orientações adequadas. A Polícia Ambiental espera que, seguindo essas diretrizes, seja possível reduzir os conflitos e preservar a vida tanto dos seres humanos quanto dos animais silvestres.
O caso envolvendo os pescadores e as onças, que já gerou grande repercussão, deve seguir com o acompanhamento da Polícia Civil, e novos desdobramentos serão aguardados nos próximos dias.