Quase metade das exportações do agro para os EUA segue com tarifa extra, aponta CNA

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil estima impacto de até US$ 2,7 bilhões em 2026 caso os EUA não ampliem a lista de produtos isentos.
Foto: Getty Images/Canva

Quase metade dos produtos do agronegócio exportados pelo Brasil aos Estados Unidos segue enfrentando sobretaxa de 40%, mesmo após recuos recentes anunciados pelo governo americano. A avaliação é da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que estima impacto de até US$ 2,7 bilhões no comércio bilateral em 2026 caso a lista de exceções não seja ampliada.

Entre os itens que permanecem taxados estão pescados, mel, sebo bovino, uvas frescas e álcool etílico. Segundo a CNA, muitos desses produtos dependem fortemente do mercado americano, o que impede o redirecionamento das vendas para outros países, como no caso da tilápia, cuja exportação teve 97,4% do valor destinado aos EUA em 2024.

A diretora de Relações Internacionais da CNA, Sueme Mori, afirmou que cerca de 45% do valor exportado pelo agro aos EUA ainda está sujeito à tarifa extra, o que mantém o setor em alerta para o próximo ano.

Além disso, a entidade acompanha com preocupação os acordos comerciais firmados pelos EUA com países como Japão, Reino Unido, Indonésia e Vietnã, que envolvem compromissos bilionários de compra de produtos agrícolas americanos. Esses pactos podem reduzir espaço para produtos brasileiros nesses mercados.

Mesmo com o cenário adverso, o agronegócio brasileiro registrou crescimento de 1,7% nas exportações entre janeiro e novembro de 2025, somando mais de US$ 155 bilhões, impulsionadas por soja, carne bovina, café verde, açúcar e celulose. A China segue como principal destino, com 33,5% de participação.

União Europeia também preocupa

Sobre o acordo Mercosul–União Europeia, a CNA criticou as novas salvaguardas agrícolas aprovadas por um comitê europeu, classificando-as como medidas que não respeitam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e que não fazem parte do texto negociado.

A entidade teme que os mecanismos sirvam como barreiras adicionais à entrada de produtos do bloco sul-americano, mesmo com o acordo previsto para ser assinado em 20 de dezembro.

Atento News, com informações da Globo Rural.

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