Justiça impede que ex-marido condenado pela morte de Tatiane Spitzner receba herança da vítima

Decisão do Tribunal de Justiça do Paraná reconhece indignidade de Luis Felipe Manvailer, condenado por feminicídio ocorrido em Guarapuava em 2018.
Foto: Reprodução/ Redes Sociais

O Tribunal de Justiça do Paraná decidiu que Luis Felipe Manvailer, condenado pelo assassinato da ex-esposa Tatiane Spitzner, não terá direito à herança deixada por ela. A decisão é do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) e encerra uma disputa judicial iniciada após a condenação do réu.

O crime aconteceu em 2018, em Guarapuava. Tatiane, que tinha 29 anos, morreu após ser jogada da sacada do quarto andar do apartamento onde o casal vivia. Imagens de câmeras de segurança registraram agressões sofridas por ela antes da queda. O caso teve ampla repercussão no Brasil e no exterior.

Após a condenação de Manvailer, em 2021, a família de Tatiane entrou com uma ação para excluí-lo do inventário da vítima e também com um pedido de indenização por danos morais. As ações foram contestadas pela defesa dele.

Pela legislação brasileira, cônjuges normalmente têm direito a parte da herança. No entanto, o Código Civil prevê a perda desse direito quando o herdeiro é responsável pelo homicídio da pessoa falecida, desde que isso seja reconhecido por decisão judicial.

Uma lei aprovada em 2023 passou a prever a perda automática do direito à herança nesses casos, mas como o crime contra Tatiane ocorreu antes da nova norma, a discussão jurídica seguiu com base na legislação anterior.

Com o fim definitivo do processo criminal, quando a condenação por feminicídio transitou em julgado, sem possibilidade de novos recursos, a família retomou o pedido na área cível. O processo é conhecido como ação de indignidade, instrumento usado para retirar o direito à herança de quem cometeu atos graves contra o falecido.

A decisão de primeira instância que excluiu Manvailer da herança foi proferida em setembro de 2025. Como não houve recurso por parte da defesa, a sentença se tornou definitiva agora, em dezembro.

A advogada Rogéria Dotti, que representa a família de Tatiane, afirmou que a decisão representa uma vitória importante no enfrentamento à violência contra a mulher e ao feminicídio. Segundo ela, durante o processo, a defesa tentou afastar a responsabilidade do condenado, mesmo com a condenação já confirmada na esfera criminal.

A reportagem entrou em contato com o escritório dos advogados que representam Manvailer, mas eles não deram um retorno até o momento.

Últimas atualizações