“Os tiros não eram para a Edinéia”, afirma Rodrigo Neumann em julgamento; réu diz estar arrependido e sessão deve encerrar ainda hoje em Guarapuava

Réu por duplo homicídio, ele admitiu os disparos, alegou ter sido agredido antes do crime e pediu perdão às famílias das vítimas no plenário.
Foto: William Batista/ Atento News

O julgamento de Rodrigo Neumann, acusado de matar um casal de seguranças em março do ano passado em Guarapuava, teve início às 10h desta terça-feira (4). O processo é conduzido pelo juiz Márcio Trindade Dantas. Desde cedo, o Fórum registrou intensa movimentação, com a presença de familiares das vítimas e do réu, estudantes de Direito e público em geral.

Foto: William Batista/ Atento News

Fala do réu

Antes da fase dos debates, iniciada por volta das 15h30, Rodrigo falou por mais de uma hora aos jurados direcionado ao juíz. Disse que estava embriagado na noite do crime e que não conhecia a loja de conveniência, tendo sido levado até o local após pedir ao motorista de aplicativo que o indicasse um lugar para comprar cerveja e cigarro.

Segundo ele, ao chegar, foi convidado por alguns rapazes e moças que estavam no bar a se sentar na mesa. Depois, teria ido ao banheiro com dois desses rapazes para tomar comprimidos de uso estimulante — segundo ele, “viagra e gelzinhos” — mas afirma que não chegou a usar os produtos. Contou que os homens teriam dito que as mulheres queriam sair com ele e que logo voltariam à mesa.

Ainda conforme o relato de Rodrigo, ao sair do banheiro foi abordado pela segurança Edinéia Gonçalves Oliveira, de 32 anos, que perguntou o que ele fazia ali. Ele afirma que não respondeu e levou um tapa, seguido de jatos de spray de pimenta e agressões por parte de Vanderley Antônio de Lima, de 31 anos, marido dela. “Fiquei com a boca e a cabeça cortadas, caí no chão. Quando consegui levantar, saí por causa do spray de pimenta”, disse.

Foto: Reprodução

Ele afirma que, após ser agredido e ter falado que se vingaria de Vanderlei, foi até a casa, falou com a ex-mulher, pegou o carro e o revólver que estava guardado – arma que, segundo ele, possuía por viajar de caminhão pelo Brasil. Voltou à conveniência cerca de 30 a 40 minutos depois. “Cheguei, desci do carro, saquei o revólver e dei dois tiros no chão. Alguns correram, o Vanderlei ficou na frente. Ele empurrou a mulher na frente e eu atirei. Em momento algum os tiros eram para a Edinéia”, disse.

Rodrigo afirmou estar arrependido: “Me arrependo profundamente por tudo o que aconteceu. Minha vida virou um inferno. Acabou com todas as minhas expectativas. Preferiria mil vezes ter ido no lugar deles”.

Ele também negou o uso de drogas. “Meu toxicológico está em dia. Tenho carteira E e havia renovado por dez anos”, declarou, dizendo que as imagens que mostrariam as agressões antes dos disparos “teriam sido consumidas”.

Testemunhas, informantes e debates

O primeiro a falar no plenário foi o delegado-chefe da 14ª Subdivisão Policial, Alysson Souza, responsável pela investigação. Entre as testemunhas, foram ouvidos o ex-patrão de Rodrigo, a mãe do réu e um funcionário do bar, chamado tanto pela defesa quanto pela acusação. As mães das vítimas foram ouvidas como informantes.

A fase dos debates começou às 15h30. O Ministério Público e a assistência de acusação têm uma hora e meia para se manifestar, seguidos pelo mesmo tempo destinado à defesa. Caso não haja réplica e tréplica, o caso seguirá direto para a votação dos jurados.

Rodrigo está preso há um ano e sete meses.

O que dizem as partes

Segundo a defesa, o julgamento ocorre “dentro das expectativas” e com “testemunhos coerentes com o que realmente aconteceu”, afirmando aguardar “um resultado justo e proporcional”.

A acusação, por outro lado, diz que, até o momento foi apresentado a reprodução de tudo aquilo que já foi produzido dentro do processo. E que, com isso, confirma-se que o réu colaborou para receber a sentença. 

Rodrigo responde por duplo homicídio qualificado por motivo fútil, dificuldade de defesa e perigo comum.

Por William Batista e Cleo Ferreira

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