Conheça os filhotes de tucano que sobreviveram ao tornado no Paraná; assista a reportagem

Eles foram resgatados após terem o ninho destruído e agora recebem cuidados especiais até poderem voltar à natureza.
Foto: William Batista/ Atento News

O Atento News visitou nesta sexta-feira (14) o Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) da Unicentro, no campus Cedeteg, em Guarapuava, para acompanhar de perto o atendimento aos animais que sobreviveram ao tornado que devastou Rio Bonito do Iguaçu e atingiu também a área rural de Guarapuava.

Logo na chegada, a equipe encontrou estudantes, residentes e o professor Rodrigo Martins de Souza, que coordena as atividades do Cetras, trabalhando no resgate e no cuidado dos bichos. Enquanto gravávamos a reportagem, um novo caso chegou: um pica-pau preso em uma linha, resgatado dentro do próprio campus.

“Conseguiram resgatar o pica-pau? Sim. Que bom que não foi grave”, disse o professor ao receber o animal, que passou por avaliação e anilhamento para registro oficial no sistema do ICMBio.

Assista a reportagem completa:

Filhotes de tucano que perderam o ninho

No laboratório, a equipe mostrou o atendimento aos três filhotes de tucano-de-bico-verde, que tiveram o ninho destruído pela força do tornado em Rio Bonito do Iguaçu. Eles estão em uma incubadora com temperatura controlada.

Foto: William Batista/ Atento News

Segundo o professor Rodrigo, os filhotes estão com cerca de 14 dias de vida.

“Com sete dias de vida, a vida dele mudou totalmente porque aconteceu o tornado. E agora, com catorze, ele tá aqui numa unidade de tratamento veterinário especializado”, explicou.

Os tucanos recebem uma papa preparada com frutas, ovo cozido e ração própria da espécie, além de cuidados para evitar o chamado imprinting, quando o filhote associa o ser humano como figura parental, o que inviabiliza a soltura.

“Dependendo da espécie, não podemos deixar o animal reconhecer que é um ser humano. Então a gente coloca balaclava, poncho… tudo para evitar que ele crie conexão com a gente”, disse o professor.

Poucos resgates: “Quem conseguiu fugir, fugiu. Quem não conseguiu, não resistiu”

O número de animais silvestres resgatados até agora é pequeno, e isso preocupa.

“Os atendimentos de fauna silvestre de lá de Rio Bonito foram pouquíssimos. Foi um gavião resgatado por um menino e esses filhotes apenas”, afirmou Rodrigo.

Segundo ele, isso revela a gravidade do fenômeno:

“Os animais que conseguiram escapar, fugiram. E os que não conseguiram escapar não resistiram.”

Impacto ambiental

O professor explica que a região já sofre com forte fragmentação da Mata Atlântica, e o tornado atingiu justamente as poucas manchas de vegetação que restavam como área de vida das espécies.

“O impacto foi sobre uma população que já vinha sob estresse. Por isso é super importante recuperar esses animais e, se possível, soltá-los de volta em Rio Bonito, onde é o habitat natural deles.”

Cetras está em plantão e integra a rede estadual

O Cetras recebe animais encaminhados por moradores, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Polícia Ambiental e Instituto Água e Terra (IAT).

A unidade integra a Rede Estadual de Manejo de Animais em Desastres (Remad), que já prestou atendimento a 2.300 animais, entre domésticos e silvestres, desde o tornado.

Apoio no Assentamento Nova Geração

Além do atendimento ao Cetras, a equipe de professores e estudantes da Unicentro também atua no Assentamento Nova Geração, em Guarapuava.

Eles realizam vacinação antirrábica, tratamento de ferimentos e distribuição de ração para bovinos, equinos, ovinos e suínos que sobreviveram ao tornado.

A Clínica Escola de Medicina Veterinária funciona como ponto de arrecadação de ração para continuar abastecendo os produtores atingidos.

Mobilização solidária

A comunidade acadêmica da Unicentro também está arrecadando doações nos campi de Guarapuava e Irati. Os itens incluem materiais de limpeza, colchões e cobertores, que serão encaminhados às famílias de Rio Bonito do Iguaçu.

Por William Batista

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