O Ministério Público do Paraná (MPPR) denunciou um casal de Guarapuava por 25 crimes de estelionato qualificado por fraude eletrônica, em um esquema que teria causado um prejuízo de R$ 646.659,00 a vítimas que buscavam comprar terrenos e construir a casa própria. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira (11) pela 10ª Promotoria de Justiça do município.

Segundo a denúncia, os crimes ocorreram entre janeiro de 2024 e maio de 2025 e envolvem um sistema estruturado de fraudes cometido pelos proprietários de duas empresas: uma imobiliária e uma construtora. O casal anunciava terrenos nas redes sociais ou recebia indicações de outros clientes, que, na época, não sabiam das irregularidades, para atrair as vítimas.

Como funcionava o golpe

De acordo com o MPPR, as vítimas eram conduzidas por vendedores e corretores ligados às empresas dos investigados e passavam a visitar terrenos que não pertenciam de fato à imobiliária. Ainda assim, os denunciados negociavam valores de entrada, firmavam contratos e prometiam prazos e serviços de construção.

O esquema também incluía simulações de financiamentos junto à Caixa Econômica Federal e a oferta de “entrada facilitada”, estratégia que atraía clientes sem condições de arcar com o valor inicial exigido por financiamentos tradicionais.

Após firmar os contratos, as vítimas aguardavam o início das obras ou a regularização dos lotes, o que nunca acontecia. Quando questionado, o casal dava explicações inconsistentes, até que as vítimas percebiam que haviam sido enganadas.

Operação Platium já investigava o caso

As empresas administradas pelo casal foram interditadas pelo Procon de Guarapuava. O homem segue preso preventivamente e a mulher cumpre prisão domiciliar.

O Atento News mostrou em 26 de novembro que os dois haviam sido presos durante a Operação Platium, da Polícia Civil, que investiga um esquema de golpes envolvendo a venda de terrenos sem documentação e contratos de construção que nunca saíram do papel.

Na ocasião, policiais apreenderam documentos, materiais ligados às negociações e um Jeep Compass comprado, segundo a investigação, com o dinheiro das vítimas. Mais de 100 boletins de ocorrência foram registrados ao longo do ano. Até o momento, 26 vítimas formalizaram denúncia, mas a polícia acredita que o número final pode ultrapassar R$ 1 milhão em prejuízos.

O delegado Ramon Galvão Zeferino destacou, à época, o impacto causado pelo golpe:

“O esquema atingiu diretamente o sonho da casa própria de inúmeras famílias. Não foi só prejuízo financeiro. Foi uma violação da confiança e da dignidade dessas pessoas.”

Ainda no fim do mês passado, a polícia informou que as investigações continuariam para localizar novas vítimas e tentar recuperar valores.