O tornado que atingiu Rio Bonito do Iguaçu na sexta-feira (7) deixou seis mortos, pelo menos 750 feridos e destruiu 80% das residências do município, segundo balanço do Governo do Paraná divulgado neste sábado (8). O governador Ratinho Júnior confirmou que a velocidade dos ventos ultrapassou 250 km/h, configurando um tornado de categoria 3.
A reportagem do Atento News está na cidade.
O governador afirmou neste sábado (8) que o tornado que devastou Rio Bonito do Iguaçu é o maior desastre climático da história do Paraná em termos de vendavais. Os ventos chegaram a 260 km/h, segundo o Simepar, e atingiram em cheio o município de cerca de 9,6 mil habitantes, deixando 80% das casas destruídas, seis mortos e pelo menos 750 feridos.
Durante entrevista ao repórter William Batista, para a CNN Brasil, o governador confirmou que o Estado decretou calamidade pública e descreveu o trabalho de emergência que começou ainda na noite de sexta-feira.
“Nós já estávamos em estado de alerta desde terça-feira. A Defesa Civil acompanhava o risco de chuva intensa, mas o tornado não estava previsto. Quando os ventos ultrapassaram 250 km/h, devastaram completamente Rio Bonito do Iguaçu. Foi uma catástrofe. A cidade praticamente desapareceu”, disse Ratinho Júnior.
Mobilização do Estado
Ratinho Júnior explicou que o primeiro foco do governo foi o resgate e atendimento das vítimas, com reforço das equipes de Cascavel, Maringá e Curitiba.
“Tivemos 430 atendimentos só em Laranjeiras do Sul. Os casos mais graves foram levados para Cascavel e Guarapuava. Três hospitais estão em alerta e com leitos disponíveis”, afirmou.
O governador informou ainda que a Defesa Civil instalou centros de triagem para cadastro de famílias desabrigadas e distribuição de alimentos, lonas e colchões.
“Agora começa a segunda etapa, que é garantir segurança alimentar e reconstruir. Temos maquinário do DER e das prefeituras da região trabalhando na limpeza da cidade. A Fundepar fará a reconstrução das escolas destruídas e a Cohapar já iniciou o levantamento das casas que precisarão ser reconstruídas do zero”, explicou.
Segundo ele, o governo estadual enviou: 2.600 telhas, 900 cestas básicas, 225 colchões, 220 kits de higiene e 54 bobinas de lona, com novos carregamentos previstos ainda neste fim de semana.
Energia e água
O governador destacou que mais de 300 postes e três torres de alta tensão foram derrubados. Equipes da Copel trabalham desde a madrugada para restabelecer o fornecimento de energia, enquanto geradores estão sendo instalados para garantir água potável e funcionamento de hospitais.
“Muitas árvores caíram sobre os fios de alta tensão. É um trabalho demorado, mas temos uma força-tarefa com equipes de todo o Paraná para reconstruir a rede elétrica e os serviços básicos”, explicou.
Reconstrução e apoio federal
Ratinho Júnior afirmou que está em contato direto com o governo federal e que o Paraná tem conseguido responder rapidamente à emergência.
“O governo federal se colocou à disposição. Já falei com o secretário nacional da Defesa Civil, Volnei, e com o ministro Wellington. Estamos alinhando o que será feito depois da fase emergencial. Toda ajuda é bem-vinda, mas neste momento o Estado está conseguindo atender com sua estrutura e com o apoio das prefeituras”, disse.
O governador também confirmou a presença da ministra Gleisi Hoffmann e de representantes de Itaipu Binacional, Ministério da Saúde, Caixa Econômica Federal e Defesa Civil Nacional, que chegaram ao município neste sábado para definir ações conjuntas.
Ações emergenciais federais
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, esteve na cidade neste sábado e afirmou que o governo federal reconheceu a situação de emergência, o que permitirá repasses rápidos de recursos.
“Já temos o reconhecimento da emergência. O presidente Lula pediu para não medir esforços nem valores para ajudar na reconstrução. Nossa prioridade agora é reconstruir as casas, escolas e unidades de saúde”, disse Gleisi.
A ministra informou que o Ministério da Saúde enviou a Força Nacional do SUS para apoiar os atendimentos médicos e psicológicos às vítimas. Segundo ela, o INSS e a Caixa Econômica Federal também atuam no reconhecimento de benefícios sociais e na liberação do FGTS.
“Nós vamos ter uma equipe nossa que vai permanecer aqui da Defesa Civil e também do SUS. Elas vão ficar o tempo que for necessário”, acrescentou.
Situação de guerra
O secretário de Saúde do Paraná, Beto Preto, descreveu o cenário como “situação de guerra”.
“Alguns pacientes foram entubados e outros transferidos para UTI. Temos o centro de saúde de Rio Bonito funcionando com três médicos, e em Laranjeiras do Sul há uma estrutura de retaguarda para os casos mais graves”, afirmou.
Tempo estável e solidariedade
Segundo o meteorologista Samuel Braun, do Simepar, não há mais risco de novos tornados na região.
“O ambiente já não é mais favorável para tempestades severas. O tempo voltou a ficar estável no Sudoeste do Paraná”, explicou.
Enquanto isso, o relato da reportagem é de solidariedade em Rio Bonito do Iguaçu: voluntários de várias cidades chegam com água, alimentos e lonas. No Centro do Idoso, moradores desabrigados recebem refeições e abrigo.
“É uma nova realidade. As pessoas estão tentando se reerguer com o apoio umas das outras. O voluntariado é o que fala mais alto neste momento.”
Desalojados, abrigos e estruturas de apoio
O tornado que atingiu a região deixou ao menos 1.000 pessoas desalojadas e cerca de 28 desabrigadas em Rio Bonito do Iguaçu, segundo levantamento prévio da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil. O Governo do Estado, em parceria com municípios vizinhos, prepara abrigos emergenciais para as famílias sem local para ficar.
O primeiro abrigo provisório foi montado na Casa de Líderes (Laranjeiras do Sul), que já recebeu parte dos desabrigados e conta com mais 80 vagas. Caso necessário, estrutura semelhante poderá ser montada em Quedas do Iguaçu. O relatório mais recente da Defesa Civil aponta 14,6 mil pessoas afetadas diretamente e 672 casas danificadas (sem contar as de Rio Bonito do Iguaçu).
Segundo o secretário estadual da Segurança Pública, Hudson Teixeira, os cadastros são feitos no Ginásio do Bugre para que os moradores registrem os danos e possam receber auxílio. Também foi montado um Centro de Alimentação no Centro do Idoso para atender a população.
Força-tarefa – O governador Carlos Massa esteve no município e anunciou a criação de uma força-tarefa para levantar os prejuízos e auxiliar na reconstrução do município, que teve 90% das residências e prédios públicos afetados. Equipes da Cohapar, em parceria com o CREA, farão a análise das casas para indicar reforma ou reconstrução. Desde a noite de sexta-feira, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Sanepar, Copel e Secretaria de Estado da Saúde atuam juntas para restabelecer serviços essenciais. O Estado também enviou ambulâncias, maquinários, caminhões e tropas de apoio.
Decreto – Ratinho Junior decretou Estado de Calamidade Pública no município, medida que permite dispensa de licitações, mobilização imediata de recursos e pedido de apoio federal. Com o decreto, o município pode solicitar recursos da União e do Fundo Estadual de Calamidade Pública (Fecap), além de firmar convênios emergenciais para reconstrução.
Localização das estruturas de apoio:
POSTO DE COMANDO – Restaurante e Churrascaria Vezzaro
https://maps.app.goo.gl/kXGKk8E3jVFGU95k9?g_st=ipc
CENTRO DE ACOLHIMENTO, TRIAGEM E CADASTRO – Ginásio de Esportes Campo do Bugre
https://maps.app.goo.gl/roiqqhSMfbNoRe2M7?g_st=ipc
CENTRO DE ALIMENTAÇÃO – Centro do Idoso – Av. Dom Pedro II, s/n
https://maps.app.goo.gl/1KupiH2BeiLFP2Bx7?g_st=ipc
ABRIGO PROVISÓRIO – Casa de Líderes (Laranjeiras do Sul)
https://maps.app.goo.gl/yyoCE62byJFcnrdc8?g_st=ipc
RECEBIMENTO DE DONATIVOS – Ginásio dos Bancários (Laranjeiras do Sul)
https://maps.app.goo.gl/7cUCXsdS1Jmr66Kw8?g_st=ipc
Luto e vítimas
O Governo do Estado decretou luto oficial de três dias pelas seis vítimas do tornado:
- José Neri Geremias, 53 anos, de Guarapuava;
- José Gieteski, 83 anos;
- Adriane Maria de Moura, 47 anos;
- Claudino Paulino Risse, 57 anos;
- Jurandir Nogueira Ferreira, 49 anos;
- Julia Kwapis, 14 anos, de Rio Bonito do Iguaçu.
“É um momento de reconstrução e união. Estamos concentrando todos os esforços para que essas famílias possam retomar a vida. O Paraná é um estado forte, e nós vamos reerguer Rio Bonito do Iguaçu”, afirmou Ratinho Júnior.
No município, equipes do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e DER seguem na limpeza e liberação de vias, além da distribuição de telhas, lonas, água e alimentos.
“Estamos reconstruindo passo a passo, com apoio das prefeituras da região e das concessionárias de energia e saneamento”, disse o governador.